O que seria uma cidade utópica? Seria um lugar ou um ideal? Sempre buscamos a perfeição nas atitudes e ações que fazemos, mas esquecemos que cada indivíduo tem o modo de pensar, agir e enxergar a vida de uma maneira diferente. Quando Lucio Costa pensou Brasília, ele acreditava nos princípios modernistas da Carta de Atenas, “trabalhar, habitar, circular e recrear”, nessa ordem. E que ordem seria essa? Será que existe uma regra, ou simplesmente perspectivas diferentes? Lucio Costa imaginou a cidade perfeita, com suas escalas Gregária, Bucólica, Residencial (sua unidade de vizinhança) e Monumental, e as pessoas que escolheram o Plano Piloto, apoiaram esse sonho de tal maneira que ele fosse escolhido e construído.
Mas como já dizia Chico Science: "A cidade não para, a cidade só cresce." Brasília virou gente grande, Brasília virou gente grande, uma senhora de 50 anos, e como tal passa por mudanças, amadurece como um filho que ao nascer, os pais planejam o seu futuro, o que ele será quando atingir a idade adulta. Brasília seguiu o mesmo caminho, Lucio Costa planejou uma cidade com 500 mil habitantes, até o ano 2000, e o que se ver atualmente são mais de 2,6 milhões de habitantes. Como suportar tantas pessoas na limitada Brasília? Simples: construindo as Regiões Administrativas, antigamente chamadas por cidades satélites.
As cidades satélites, que crescem a cada ano e transformam as largas e planejadas ruas de Lúcio Costa em verdadeiros engarrafamentos. Os centros administrativos entopem de carros, e para suprir a deficiência o governo local alterou com obras o projeto original. E assim Brasília aos 50 anos se torna uma senhora cansada, cheia de problemas. O “planejamento urbano” muda de acordo com a necessidade da população, e com isso a cidade tão sonhada, o lugar em que seria ideal a moradia, a recreação, o conforto e o trabalho, se perde.
Infelizmente a tão sonhada terra do nunca, a cidade utópica de Lúcio Costa está apenas no papel em sua prancheta. Talvez a terra do nunca de Lúcio Costa nunca tenha chegado ao desenho. Ou talvez essa seja o ideal, o planejado por ele. Afinal de contas todo mundo sabe que a cidade não para, a cidade só cresce já dizia Chico Sicence.
Autoria: Anatalia Araujo
Revisão: Arthur Junqueira
