segunda-feira, 26 de julho de 2010

Terra do Nunca

Pedro Málaga

Na terra do nunca me encontro perdido,
entre asas e idéias
entre traços e tesouras,
entre escolhas e desejos .
Voo em sonho
vivo em utopia,
a idéia de ontem
o concreto de hoje.
em eixos de simetria
passeio entre monumentos femininos
degusto do impossivel
seco e rico.
Terra do nunca onde me perderei encontrando
terra do sempre,
do tudo,
de todos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Existe a terra do nunca?

Como futuros arquitetos e urbanistas, sempre considerarmos o ideal para alcançar a perfeição e a inovação. Claro que muitos destes projetos e idéias muitas vezes ficam apenas no papel, e nós nunca chegamos a testar nossas teorias. É impossível contar quantas cidades utópicas foram e serão projetadas e, com certeza, muitas delas ficam somente em nossas mentes.

Esta grande oportunidade teve Lucio Costa e Oscar Niemeyer, há 50 anos, quando finalmente viram finalizada Brasília, oportunidade que muitos gostariam de realizar. Depois disso nos perguntamos, realmente queremos projetar uma cidade? Foi assim que depois de projetar Brasília, Lucio Costa fez essa pergunta. Penso que nós podemos adivinhar qual foi a sua resposta.

Mas está só nas mãos do arquiteto a construção de uma cidade ideal? Ele pode tomar em consideração todas as variáveis? Não, não depende apenas do arquiteto. A cidade é indissociável da política, da economia e da sociedade em que vivemos. Se no momento em que se construiu Brasília as pessoas não tivessem essa necessidade imensa de tentar a sorte em outro lugar, estaríamos hoje falando de uma cidade perfeita, da utópia que foi Brasília em sua época?

Por isso agora criaremos em Brasília uma nova cidade utópica, 50 anos mais tarde, realizaremos nela o XIX Encontro Latino-americano de Estudantes de Arquitetura, por muitos conhecido como ELEA, onde nos reunimos para aprender, refletir, discutir, testar, experimentar muitas coisas.

Fazem 20 anos, nós estudantes temos experimentado de certa forma estas cidades efêmeras, ou cidades utópicas. Mas nessas cidades ELEA que são formadas por uma semana, vemos muitos dos problemas que ocorrem em cidades reais, e que com tempo e a experiência aprendemos como podemos resolvê-los.

Mas há um medo que assombra a construção dessa próxima cidade utópica, uma situação muito semelhante ao que aconteceu há 50 anos. Não são os mesmos arquitetos, nem a procura de esperança de uma vida nova que nos chama a viver lá, mas o sentimento de formar parte dela e viver uma utopia.

Mas, tal como quando eu era criança, ainda mantenho viva a esperança de que exista a terra do nunca.


Texto: Gonzalo Sandim

Revisão da Tradução: Daniel Nardelli


domingo, 18 de julho de 2010

Temática

Direito à Cidade

Em busca da Terra do Nunca

“... Monumental não no sentido de ostentação, mas no sentido de expressão palpável, por assim dizer, consciente, daquilo que vale e significa. Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país”.

Relatório do Plano-Piloto de Brasília, Lúcio Costa. 10 de Março de 1957

Junto dos participantes, o Encontro buscará atingir um ideal de cidade que é discutido em âmbito internacional. Então, o complemento “Terra do Nunca” na temática retratará, de maneira lúdica, a busca dentro da nossa discussão.

Brasília surgiu da necessidade de centralização da capital pensada por José Bonifácio por volta de 1820, ao sonho de uma cidade ideal prometida por Juscelino Kubitschek, construindo a cidade profetizada por Dom Bosco. Pretendia ser a concretização do racionalismo moderno, tornando-se realidade a partir do traçado de Lucio Costa e dos monumentos de Oscar Niemeyer, por ser feita a partir da razão humana não era passível de erros? Inicialmente projetada para ser uma cidade com 500 mil habitantes, hoje ultrapassa dois milhões somando o seu entorno. As condições urbanas não acompanharam o crescimento populacional, e Brasília já não possui tantas oportunidades, deixando de ser um sonho para muitos de seus residentes.

A capital brasileira é apenas um exemplo dessa conjuntura. Vivemos em um mundo integrado em que cidades, com culturas e realidades diferentes, têm consumos idênticos das necessidades primárias, desde os recursos naturais aos produtos globalizados. Um dos fatores que caracterizam essas cidades são as pessoas que alí residem. Pessoas conectadas à cidade por elos culturais e afetivos, tornando essa uma parte de si. Contudo, os seres humanos são responsáveis pela criação de um interessante cenário com a união de modos próprios de vida e identidade, culminando em um palco de disputas de espaço e poder.

As cidades não dão oportunidades nem condições justas a todos os seus habitantes. Os países da America Latina têm seu modelo de desenvolvimento caracterizado por estabelecer padrões de concentração de renda e poder, cujas conseqüências são uma população sem condições de satisfazer suas necessidades básicas, culminando na destruição do meio ambiente e na privatização dos espaços públicos. A maneira como construímos as cidades hoje gera empobrecimento, exclusão e segregação social e espacial.

Na tentativa de proporcionar uma vida digna às pessoas, discussões em fóruns mundiais resultaram, em 2005, Porto Alegre, a Carta Mundial de Direito à Cidade. Esse documento garante aos cidadãos, independente de cor, etnia, cultura, gênero, renda ou idade, o usufruto eqüitativo de todos os benefícios e suportes oferecidos pela cidade, bem como o acesso à modernidade e ao desenvolvimento humano, dentro dos princípios da sustentabilidade. A cidade como propriedade de todos que nela vivem, tem a função de assegurar a distribuição universal, justa, democrática e sustentável de riquezas, serviços, bens e oportunidades.

O XIX ELEA BRASÍLIA 2010 objetiva instigar seus participantes a (re) pensarem sobre o direito à cidade, (re) conhecerem as distintas realidades dentro de uma mesma cidade, irem de encontro às necessidades da população, desenvolver possíveis soluções, enriquecer seu repertório teórico por meio de palestras de arquitetos e/ou especialistas da área e desenvolver uma postura crítica como futuros arquitetos e urbanistas latino-americanos.

Almejamos a construção de um pensamento que norteará a forma como fazemos cidades, estabelecendo não apenas a cidade que necessitamos, mas também a cidade que queremos. Para alcançar esse objetivo sub-dividimos a temática em 6 (seis) sub-temas:

1. Miscigenação da Cidade: a miscigenação do povo e da cultura no surgimento da cidade. Representa o nascer e a diversidade se encontrando em um único local.

2. Vivência da Cidade: a experimentação dos espaços urbanos e do meio ambiente por aqueles que dela usufruem.

3. Acesso à Cidade: a questão dos direitos e deveres dos cidadãos, o papel desempenhado por cada um como agente modificador do lugar.

4. Renascimento da Cidade: a reinvenção, o momento em que se vivenciam as transformações na cidade a partir da discussão das problemáticas.

5. Manutenção da Cidade: após a reconstrução, vem a conservação da cidade, a partir da mobilização e conscientização humana transformadas em ações em prol da urbe.

6. Utopia da Cidade: a busca da Terra do Nunca. Um momento de reflexão sobre o ciclo da cidade; o intercâmbio de conhecimentos que possibilitem a existência dos espaços urbanos e humanos ideais.

Propondo alcançar a Utopia da Cidade, lembramos que Brasília é a representação do que o homem é capaz de construir, sendo ela a própria Terra do Nunca, a busca por um sonho, que se tornou realidade a partir do momento que as pessoas acreditaram que seria possível e lutaram por esse ideal. Em contra partida ao que já foi construído, a desigualdade urbana e a falta de cumprimento dos direitos humanos na cidade são evidentes, e muito ainda precisamos para alcançar esse utópico, o que torna essa a nova busca de seus habitantes. Mudanças concretas podem tornar algo abstrato em realidade.

Acreditamos que podemos construir a cidade de hoje, sabendo que essa já não é mesma de ontem, e que precisamos de estudo e conhecimento coletivo para permitir oportunidades para a cidade de amanhã. A busca pela cidade ideal, a tão sonhada Terra do Nunca.

Temática

Derecho a la cuidad

En busca de la tierra del Nunca Jamás

“… Monumental no en el sentido de ostentación, pero en el sentido de expresión tangible, por así decir, consiente de aquello que vale y significa. Ciudad planeada para el trabajo ordenado y eficiente, pero al mismo tiempo una ciudad viva y apacible, propia del sueño y de la especulación intelectual, capas de transformase con el tiempo, además del centro de gobierno y administración, en un foco de cultura de los más lúcidos y sensibles del país”.

Informe del plano-piloto de Brasilia, Lucio Costa. 10 de marzo de 1957

Junto de los participantes, el Encuentro buscara llegar a un ideal de cuidad que es discutido en el ámbito internacional. Entonces, el complemento “Tierra del Nunca Jamás” en la temática se verá retractada de manera lúdica, la busca dentro de nuestra discusión.

Brasilia surgió de la necesidad de centralización de la capital pensada por José Bonifacio por vuelta de 1820, al sueño de una ciudad ideal prometida por Juscelino Kubitschek, construyendo la cuidad profetizada por Don Bosco. Pretendía ser la concretización del racionalismo moderno, convirtiéndose realidad a partir del proyecto de Lucio Costa y de los monumentos de Oscar Niemeyer, ¿por ser hecha a partir de la razón humana no era propenso a errores? Inicialmente proyectada para ser una ciudad con 500 mil habitantes, hoy ultrapasa los 2 millones sumando su entorno. Las condiciones urbanas no acompañaron el crecimiento poblacional, y Brasilia ya no posee tantas oportunidades, dejando de ser un sueño para muchos de sus residentes.

La capital brasilera es apenas un ejemplo de esa coyuntura. Vivimos en un mundo integrado en ciudades, con culturas y realidades diferentes, tienen consumos idénticos de las necesidades primarias, desde los recursos naturales a los productos globalizados. Uno de los factores que caracterizan esas ciudades son las personas que allí residen. Personas conectadas a la ciudad por lazos culturales y afectivos, convirtiendo esa en parte de sí mismo. Con todo, los seres humanos son responsables por la creación de un interesante escenario con la unión de modos propios de vida e identidad, culminando en un palco de disputas de espacio y poder.

Las ciudades no dan oportunidades ni condiciones justas a todos sus habitantes. Los países de América Latina tienen su modelo de desenvolvimiento caracterizado por establecer padrones de concentración de ingresos y poder, cuales consecuencias son una población sin condiciones de satisfacer sus necesidades básicas, culminando en destrucción del medio ambiente y en la privatización de los espacios públicos. La manera como construimos ciudades hoy genera empobrecimiento, exclusión y segregación social y espacial.

En el intento de proporcionar una vida digna a las personas, discusiones en los fórum mundial resultaron, en 2005, Porto Alegre, en la Carta Mundial de Derecho a la Ciudad. Ese documento garante a los ciudadanos, independiente de su color, etnia. Cultura, genero, ingresos o edad, el usufructo equitativo de todos los beneficios y soportes ofrecidos por la ciudad, ya sea como el acceso a la modernidad y al desenvolvimiento humano, dentro de los principios de sustentabilidad. La ciudad como propiedad de todos que en ella viven, tiene una función de asegurar la distribución universal, justa, democrática y sustentable de riquezas, servicios, bienes y oportunidades.

El XIX ELEA BRASILIA 2010 tiene como objetivo instigar sus participantes a (re) pensar sobre el derecho a la cuidad, (re) conocer las distintas realidades dentro de una misma ciudad, ir al encuentro a las necesidades de la población, desenvolver posibles soluciones, enriquecer su repertorio teórico por medio de conferencias de arquitectos y/o especialistas en el área y desenvolver una postura crítica como futuros arquitectos y urbanistas latinoamericanos.

Ansiamos la construcción de un pensamiento que norteara la forma como hacemos ciudades, estableciendo no apenas la ciudad que necesitamos, pero también la ciudad que queremos. Para alcanzar este objetivo subdividimos la temática en 6 (seis) subtemas:

1. Miscigenação Mestizaje de la ciudad: el mestizaje de un pueblo y de la cultura en el surgimiento de la ciudad. Representa el nacer y la diversidad que se encuentran en un único local.

2. Vivencia de la ciudad: la experimentación de los espacios urbanos y del medio ambiente por aquellos que la usufructúan.

3. Acceso a la ciudad: la cuestión de los derechos y deberes de los ciudadanos, el papel desempeñado por cada uno como agente modificador del lugar.

4. Renacimiento de la ciudad: la reinvención, el momento en que se vivencian las transformaciones en la cuidad a partir de la discusión de las problemáticas.

5. Manutención de la ciudad: luego de la reconstrucción, viene la conservación de la ciudad, a partir de la movilización y concientización humana transformadas en acciones en pro de la urbanización.

6. Utopía de la ciudad: la busca de la Tierra del Nunca Jamás. Un momento de reflexión sobre el ciclo de la ciudad; el intercambio de conocimientos que posibiliten la existencia de los espacios urbanos y humanos ideales.

Proponiendo alcanzar la Utopía de la ciudad, recordamos que Brasilia es la representación de lo que el hombre es capaz de construir, siendo ella propia Tierra del Nunca Jamás, la busca por un sueño, que se tornó realidad a partir del momento que las personas creían que sería posible y lucharon por ese ideal. En contra partida a lo que ya fue construido, la desigualdad urbana y la falta de cumplimiento de los derechos humanos en la ciudad son evidentes, y mucho aun precisamos para alcanzar ese utópico, lo que convierte esa en la nueva busca de sus habitantes. Mudanzas concretas pueden tornarse algo abstracto en realidad.

Creemos que podemos construir la ciudad de hoy, sabiendo que esa ya no es la misma de ayer, y que precisamos de estudio y conocimiento colectivo para permitir oportunidades para la ciudad de mañana. La busca por la ciudad ideal, la tan soñada Tierra del Nunca Jamás.