quinta-feira, 22 de julho de 2010

Existe a terra do nunca?

Como futuros arquitetos e urbanistas, sempre considerarmos o ideal para alcançar a perfeição e a inovação. Claro que muitos destes projetos e idéias muitas vezes ficam apenas no papel, e nós nunca chegamos a testar nossas teorias. É impossível contar quantas cidades utópicas foram e serão projetadas e, com certeza, muitas delas ficam somente em nossas mentes.

Esta grande oportunidade teve Lucio Costa e Oscar Niemeyer, há 50 anos, quando finalmente viram finalizada Brasília, oportunidade que muitos gostariam de realizar. Depois disso nos perguntamos, realmente queremos projetar uma cidade? Foi assim que depois de projetar Brasília, Lucio Costa fez essa pergunta. Penso que nós podemos adivinhar qual foi a sua resposta.

Mas está só nas mãos do arquiteto a construção de uma cidade ideal? Ele pode tomar em consideração todas as variáveis? Não, não depende apenas do arquiteto. A cidade é indissociável da política, da economia e da sociedade em que vivemos. Se no momento em que se construiu Brasília as pessoas não tivessem essa necessidade imensa de tentar a sorte em outro lugar, estaríamos hoje falando de uma cidade perfeita, da utópia que foi Brasília em sua época?

Por isso agora criaremos em Brasília uma nova cidade utópica, 50 anos mais tarde, realizaremos nela o XIX Encontro Latino-americano de Estudantes de Arquitetura, por muitos conhecido como ELEA, onde nos reunimos para aprender, refletir, discutir, testar, experimentar muitas coisas.

Fazem 20 anos, nós estudantes temos experimentado de certa forma estas cidades efêmeras, ou cidades utópicas. Mas nessas cidades ELEA que são formadas por uma semana, vemos muitos dos problemas que ocorrem em cidades reais, e que com tempo e a experiência aprendemos como podemos resolvê-los.

Mas há um medo que assombra a construção dessa próxima cidade utópica, uma situação muito semelhante ao que aconteceu há 50 anos. Não são os mesmos arquitetos, nem a procura de esperança de uma vida nova que nos chama a viver lá, mas o sentimento de formar parte dela e viver uma utopia.

Mas, tal como quando eu era criança, ainda mantenho viva a esperança de que exista a terra do nunca.


Texto: Gonzalo Sandim

Revisão da Tradução: Daniel Nardelli


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