terça-feira, 18 de maio de 2010

Caminhos

As cidades são construídas por caminhos. Na Brasília traçada de Lúcio Costa, estes seguem as linhas pensadas, a ortogonalidade e a lógica embutida na cidade. Quem mora aqui convive com estes caminhos que deveriam ser atravessados todos os dias.

Já a vida é feita por outros caminhos. Sinuosos e em constante transformação, os caminhos do homem na terra nunca obedecem tal formalidade, e não seria diferente na sua reflexão na cidade. Por seus grandes espaços percebe-se bem que os brasilienses passaram a criar atalhos. Quem anda muito a pé sabe o que são os caminhos alternativos nos gramados, entre os prédios e beirando as cercas. Nem sempre a ortogonalidade proposta é o caminho mais prático para o seu destino, então se começou uma busca por fugir das tesourinhas, dos sinais de trânsito e dos retornos longes. Às vezes nem mesmo asfaltados ou iluminados, os caminhos são apenas conhecidos pelos verdadeiros exploradores das cidades, bandeirantes que desbravam e revelam aos que seguem uma nova perspectiva diferente da oferecida por Lúcio Costa.

Já cantava Léo Jaime : “Um telefone é muito pouco pra quem ama como um louco e mora no Plano Piloto”. Na tentativa de estar cada vez mais perto do que se deseja nesse mundo de concreto de grande escala, novos caminhos foram e continuam sendo criados. A realidade bruta da cidade planejada resvala na inconstância e necessidade de urgência do homem que a habita. Esta relação transformadora evidenciada, marca as cicatrizes da idade no Plano Piloto de Brasília, como acontece em qualquer Sr. de 50 anos.

Autoria: Gabriela Cascelli

Revisão: Daniel Nardelli

2 comentários:

  1. Prefiro desbravar e ver o que tem por aí.

    “Um telefone é muito pouco pra quem ama como um louco e mora no Plano Piloto”
    Essa música é do Renato Matos, compositor local.

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  2. Obrigado Manuella!
    já corrigi a citação!

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